quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Primeiras utopias

Vou começar com minhas utopias coletivas. Coletivas porque servem para todos. Assim espero.
O meu mundo tem menos pessoas. Bem menos que hoje. Cerca de um sétimo do que temos. Seria o mesmo que em 1800, quando a população era de menos de um bilhão. Um pouco mais que a população atual da África. Menos que a população da Índia.
Só isso, dirão alguns? É, só isso, não preciso de mais. Há uma explicação: nesse mundo todos vivem bem, com o padrão de um europeu médio. Então, para não carregar demais o planeta com as demandas humanas, um bilhão está bom. Imaginem o que um europeu médio consome de recursos. Multipliquem por um bilhão, e aí teremos uma bela carga sobre o planeta. Li em algum lugar que aguentaríamos dois bilhões, nessas mesmas condições, mas acho que um só dá uma boa margem de segurança.
Essa visão, de um mundo "vazio", eu tive quando li pela primeira vez o romance de ficção A Cidade e as Estrelas de Artur Clarke. Clarke sempre foi muito otimista, pelo menos quando era mais novo. Esse romance foi escrito em 1954, a história acontece num futuro muito distante e nosso herói, Alvin, vive numa cidade extremamente tecnológica, Diaspar. Os habitantes de lá tem tudo e não precisam fazer nada. Chato, não? Pois é.
Então, o que me vem à mente quando penso num mundo pouco habitado e que não cresce? Que deve ser muito chato. Mas aí, tenho que pensar mais adiante, um pouco: chato por quê? Se a população não cresce, não quer dizer que o mundo não avança. Se não aumentamos a quantidade, não quer dizer que não podemos melhorar a qualidade. Penso na Europa. A população da Europa não cresce há décadas. Certo, já tem mais de 700 milhões lá, então, é bastante gente. Mas, pelo menos, essa população não cresce.